O processo de descobrir a própria identidade pode ser longo e, às vezes, meio assustador, mas é fantástico. Conhecer-se é um processo que requer um esforço para ampliarmos nosso repertório em vez de assumir que o repertório que temos no convívio com nossa família é o suficiente. Hoje o exemplo vem dos meus hábitos alimentares e como eles foram mudando ao longo do tempo. É sobre como ampliei meu repertório alimentar. O mesmo processo pode ser aplicado a outros campos da vida.
Quando criança eu não costumava comer hortaliças. Meu almoço e jantar se resumiam a arroz, feijão, batata e carne. Às vezes eu comia couve-flor. A comida, tanto na casa dos meus pais enquanto eles estavam casados, como na casa da minha avó materna, onde vivi a maior parte da minha infância e adolescência, era feia e ruim. Eu me importo com beleza desde a infância, então, comida feia não é algo que desperte meu apetite. Como além de feia o sabor não contribuía para eu gostar, eu comia só pra não morrer de fome mesmo. Na casa da minha avó paterna a comida era sempre muito boa e minha avó sempre me deixava bastante à vontade, mas ali não existia o hábito de consumir muitas verduras e legumes.
Na adolescência, depois da separação dos meus pais, passei a frequentar menos a fazenda (casa da avó paterna) e decidi fazer sobremesas pra diminuir o sofrimento de ter só a opção de comida ruim.
Mas a vida começou a ficar interessante do ponto de vista alimentar somente quando saí da minha cidade natal. Em Uberlândia, aprendi a comer verduras e legumes porque frequentava um restaurante chinês próximo do apartamento onde morava. Era um buffet, então eu podia servir um pouco de tudo que parecia bom. Passei a gostar muito de yakisoba (e passei a comer mais também 😁). Eles usavam tanto molho de soja que não era possível distinguir os sabores de nada. Hoje em dia prefiro doses mais moderadas de shoyu no yakisoba, pois ali foi só o primeiro passo para me habituar a verduras e legumes.
Depois tive oportunidades de experimentar muitas coisas, inclusive alta gastronomia de chefs renomados e bastante criativos. A alta gastronomia me encanta porque, diferente da comida chinesa daquele restaurante em Uberlândia, é possível identificar diferentes sabores, cores e texturas num mesmo prato, e tudo isso foi harmonizado de forma cuidadosa. Isso é sedutor.
Ampliar o repertório e conhecer a si mesmo é permitir-se experimentar o que nunca experimentou antes, buscando descobrir quem você é por baixo da casca de influências familiares e sociais. Claro que isso não significa experimentar qualquer coisa... você não precisa se jogar de um penhasco para ver como é.
Ampliar o repertório é bom porque gente de mente fechada geralmente é desagradável, imatura e quando tem filhos causa traumas imensos nestes porque tende a usar de repressão.
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Nycka Nunes
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