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🇬🇧 How to contribute to the realization of artistic projects

How can you contribute to the viability of my artistic projects? I am Nycka Nunes, a visual artist and photographer. Photographic equipment...

🇧🇷🇵🇹 As roupas definem como somos?

As roupas definem como somos? As roupas definem nossa sexualidade?

Eu sou Nycka Nunes, artista visual e fotógrafa, e neste blog escrevo sobre diversos assuntos, relacionados ou não ao meu trabalho como artista.

Quem somos é algo definido desde o nascimento. Nossa aparência está intimamente ligada à nossa personalidade, por isso todos somos diferentes. Comumente reprimimos nossa personalidade para agradar os pais, a família, a sociedade, pra nos sentirmos aceitos. O processo de autoconhecimento é o caminho para recuperarmos nossa identidade, conectando-nos ao nosso verdadeiro Eu. Reprimir não é mudar. É passar a viver como um personagem, incapaz de ser fiel a si porque a opinião dos outros é sua prioridade.

Até por isso acho uma bobagem pais criarem filhos com base em estereótipos de gênero e outros preconceitos. Filhos são como são e preconceitos dos pais não vão mudar isso. Apenas deixarão os filhos inseguros, reprimidos, talvez doentes. Assim como qualquer outro relacionamento, um relacionamento saudável entre pais e filhos envolve aceitar o outro como ele é, estabelecer limites pessoais (e não verdades absolutas), respeitar os limites do outro, etc.

Nascemos pelados e nossa orientação sexual já vem de berço. Costumo dizer que se orientação sexual fosse escolha todo mundo escolheria ser bissexual, pois amplia muito mais o campo de escolha de parceiros. Além disso, quando o assunto é sexo na prática, comumente estamos nus, e isso não muda nossa sexualidade. E, quando estamos vestidos, não importa o que usamos, ela nos acompanha desde o nascimento, não é mudar de roupa que vai mudar o que e quem nos atrai.

Eu sou bissexual. Dos 18 aos 31 eu sempre me vesti de forma sexy, mas sempre buscando uma sensualidade única, uma aparência incomum. Eu gosto de ser diferente. Qualquer pessoa vendo o que eu vestia antes de morar em Curitiba me julgaria uma mulher heterossexual. E nessa fase eu me relacionava com homens sem realmente gostar deles, muito mais para tentar atender às expectativas da minha família que as minhas necessidades. Eu me vestia de forma sexy porque eu me vejo como uma pessoa atraente, sim. E também como uma forma de protesto por toda a repressão que sofri por parte da minha família materna durante a adolescência. Uma forma de exaltar minha sensualidade. Mas também era um disfarce da minha bissexualidade, pois elementos masculinos eram sutis no meu estilo. E ainda assim, a bissexualidade não deixou de existir. Se roupas definissem nossa sexualidade, ela mudaria conforme o que vestimos, e desapareceria quando estamos nus.

Em Curitiba, por ser um lugar de clima bem mais frio, eu passei a assumir um visual mais andrógino do que antes. Antes eu já gostava de alguns elementos masculinos no visual, mas era muito mais sutil. Continuei adorando ter um estilo mais diferente e quem acompanha meus perfis nas redes sociais desde aquela época sabe o quanto critiquei Curitiba por anos por ser impossível achar roupas coloridas na cidade. Parece que funcionou, porque depois de alguns anos as lojas passaram a ter mais opções para quem não quer só cores neutras e tons pastéis. Nessa fase eu passei a me respeitar mais, buscar expressar mais minhas vontades e necessidades nos relacionamentos. E depois veio a fase de autoconhecimento mais profundo, a cura de traumas, o rompimento com familiares que passaram a vida me criticando e também com outras pessoas próximas que tentavam me forçar a viver conforme os valores deles.

Existe uma grande diferença entre aceitar diferenças e tolerar gente intolerante e desrespeitosa em nossas vidas.

As roupas são ferramentas de comunicação não verbal. Entender o que transmitimos ao fazer cada escolha e nossas motivações para fazê-las pode contribuir e muito no processo de autoconhecimento. Elas não definem nossa personalidade ou nossa sexualidade, mas são um retrato de nossa autoimagem no momento que escolhemos coordenar aquela calça, aquela camisa, aqueles sapatos e aqueles acessórios ou quaisquer outras roupas e acessórios que escolhemos diariamente.

O que você pensa sobre o assunto?

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Nycka Nunes


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