Vamos falar de arte. Hoje quero comentar a obra "Love is a mess" (o amor é uma bagunça). Você pode ver a obra nos destaques do meu perfil Nycka Nunes no Instagram. Se estiver disponível, também pode adquiri-la.
Eu sou Nycka Nunes, artista visual, e neste blog falo de meu trabalho artístico e de outros serviços que disponibilizo para contribuir com outras pessoas e empresas e captar mais recursos financeiros para fazer arte.
"Love is a mess" foi uma obra que criei enquanto estava refletindo e questionando muito a visão comum do amor e de relacionamentos amorosos e como ela atrapalha no processo de viver amores autênticos.
A versão resumida do raciocínio é a de ver cada ponto vermelho na imagem como uma lição aprendida através das experiências e reflexões sobre o tema. Eu não contei quantos pontos tem ali e cada pessoa certamente tem uma quantidade diferente de aprendizados sobre o tema. A quantidade é irrelevante neste contexto. Com isso em mente busquei criar uma imagem que remetesse, sem qualquer precisão anatômica, a um coração pulsando.
Vamos aprofundar mais.
Com a internet e a globalização temos mais acesso a diferentes culturas, a conhecer pessoas com experiências e valores variados. Acredito que isso seja muito positivo para criar repertório e entender que a vida não é uma prova de múltipla escolha onde só existe uma resposta certa para cada questão. Essa visão limitada, de ver os valores que herdamos de nossa família como os únicos certos nos impede de criar vínculos reais, porque nunca aceitamos outros valores. Apenas rotulamos os valores diferentes como errados.
Ontem eu li uma coisa que ilustra bem isso. Alguém questionava como os finlandeses podem ir a saunas completamente nus sem ter uma ereção. Sou brasileira, apaixonada pela cultura finlandesa. E sei que a relação deles com a nudez é muito diferente da relação de um brasileiro com o tema. No Brasil existem, por exemplo, pouquíssimas praias de nudismo, num país com uma área litorânea imensa. A cultura brasileira cria um tabu em relação à nudez e a sexualiza. Por outro lado, a cultura finlandesa vê a nudez como algo natural. Eu entendo isso como uma aceitação do próprio corpo, em primeiro lugar. Nenhum de nós nasceu vestido. As roupas são usadas principalmente por dois motivos: proteção e autoexpressão. O estilo pessoal está relacionado principalmente à função de autoexpressão (ao menos na forma como eu trabalho). Essa cultura de criar um tabu em torno da nudez faz a mente dos brasileiros tender a associar nudez a sexo, a criar um senso moralista e hipócrita de vergonha de mostrar o corpo. Até onde sei, o mesmo ocorre em algumas outras culturas (a pergunta foi de um italiano).
E o que esse tabu em relação ao sexo e à nudez tem a ver com relacionamentos amorosos, que é o tema da obra que estou comentando hoje?
Em primeiro lugar, a questão demonstra ignorância em relação à cultura finlandesa, como se quem perguntou acreditasse que todo mundo no mundo todo tem os mesmos valores que ele (ou ela). Isso demonstra uma visão de mundo muito estreita, que é a base de inúmeros preconceitos.
Várias culturas também enfatizam uma hierarquia do amor e isso está relacionado a como lidam com o sexo. Colocam o amor de casal como algo diferente do amor entre irmãos, entre amigos, entre pais e filhos, entre uma pessoa e seu animal de estimação. Além disso, colocam relacionamentos monogâmicos e o sexo dentro desses relacionamentos como mais importante que as amizades e outras "formas" de amor. Curiosamente, o amor é o único sentimento que tem tantas categorias, talvez porque a categorização vem de uma certa inabilidade de entender sentimentos aliada a uma cultura religiosa moralista que somente pessoas que nunca estudaram sobre as religiões tentam conservar. Deixando-se de lado as pessoas que tentam fazer guerra de sofrimento, achando que o sofrimento delas é maior que o dos outros, nunca vi, por exemplo, alguém achar que a alegria de passar no vestibular desejado seja diferente da alegria de vencer uma competição esportiva ou da alegria de ver um amigo que estava com problemas finalmente superá-los.
E por isso temos, desde cedo, uma visão do amor distorcida, uma visão que torna, ao menos para muitas mulheres, o casamento como uma meta de vida.
São tantas crenças que muitos herdam e jamais questionam! E ao longo das nossas experiências amorosas (aqui me refiro a namoros, casamentos e similares), nem todos param para avaliar o papel dessas crenças no insucesso de seus relacionamentos. É mais fácil culpar o outro - uma atitude que comumente revela imaturidade - que avaliar as próprias crenças e atitudes para ver se tem algo ali que deveria ser reavaliado.
A mídia de massa se limita a falar das opções comuns, a criar roteiros onde a mocinha tenha de escolher com quem ela quer se casar. Quem percebe que viver essa narrativa não funciona na própria vida precisa buscar outras fontes para conhecer opções. Como artista, e felizmente uma artista que construiu um amplo repertório em vários campos de interesse, sinto-me à vontade para oferecer aos apreciadores e apoiadores de arte outras opções que a mídia de massa normalmente não fala a respeito.
Por falar em apoiadores, conheça meu projeto "As muitas nuances do amor" e faça sua contribuição para que esta exposição virtual seja realizada. Talvez ela abra portas para que sua vida amorosa tenha mais sucesso.
Nycka Nunes
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