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🇬🇧 How to contribute to the realization of artistic projects

How can you contribute to the viability of my artistic projects? I am Nycka Nunes, a visual artist and photographer. Photographic equipment...

🇧🇷🇵🇹 Entrevista com Nycka Nunes - Parte 1

Onde você cresceu? Isso influenciou como você se tornou a artista que é hoje?

Eu nasci em Montes Claros - MG, uma cidade com cerca de trezentos mil habitantes à época, e com jeito de cidade pequena, porque em qualquer lugar que eu fosse na cidade sempre tinham pessoas que conheciam minha família. Vivi lá até os 22 anos, quando mudei para Uberlândia.

Eu sempre gostei de arte e certamente minhas experiências na minha cidade natal têm repercussão no meu trabalho.

Meu pai era fazendeiro, e, na fazenda, eu me sentia livre, eu podia ser eu mesma. Tenho recordações muito boas de como eu me sentia em contato com a natureza, que era um contraste enorme com como eu me sentia na cidade, convivendo com minha família materna que nunca demonstrou amor por mim, nunca me fez elogios, nunca me deu suporte emocional em situações difíceis. O que me atrai em cidades grandes é a arte. Fora isso, prefiro o contato com a natureza.

Quando comecei a planejar essa nova carreira eu me visualizava fotografando pessoas nuas ou semi nuas em contato com a natureza. Depois essas imagens foram se desenvolvendo na minha cabeça, ganhando complexidade, e quando percebi essa complexidade eu fui perdendo o medo de dedicar-me totalmente à arte. Quando percebi que minha vontade de deixar a moda para trás era uma vontade de deixar para trás todo o sofrimento da infância e adolescência e eliminar da vida relacionamentos abusivos, foi um caminho sem volta. Agora estou feliz trabalhando em alguns projetos e buscando patrocinadores para realizá-los. No período de transição de carreira, tomei algumas decisões que impactam a forma como trabalho, visando criar, nessa nova carreira, uma realidade melhor, mais saudável, próspera e sustentável que a realidade que criei trabalhando como stylist.


Quando você começou a fotografar?

Eu já tinha mais de 18 anos quando ganhei minha primeira câmera. Não lembro exatamente quando foi, mas era uma câmera compacta analógica que usei para fazer trabalhos acadêmicos de fotografia durante o curso de publicidade. Meu professor elogiava bastante meus trabalhos acadêmicos, meu olhar para os temas que eu fotografava. Antes da universidade eu a usava pouco. Fotografia analógica não me atrai porque não vemos o resultado imediatamente e podem ocorrer erros que podem colocar a perder até mesmo ótimas fotos. Depois tive outra, compacta digital, quando eu tinha uns 32 anos, que depois de cair na rua durante um curso de travel writing que fiz, parou de funcionar bem. Em 2011 comprei minha primeira câmera DSLR, e minhas primeiras fotos com ela foram nas duas maiores semanas de moda do Brasil na época. Eu recebi a câmera poucas horas antes de um desfile de moda. Agora alterno esta câmera e câmeras mirrorless nos meus projetos atuais, conforme o resultado que busco.


De onde você acha que surgiu o seu estilo fotográfico?

Meu estilo é composto de inúmeras referências, sendo a maior delas meu desenvolvimento pessoal. Eu gosto de olhar para dentro, ver o que aprendi sobre mim e sobre o mundo e mostrar isso em forma de imagens para as pessoas.

A consciência de que certas pessoas nunca vão me amar, não importa o que eu faça, me permite arriscar mais; explorar possibilidades, materiais, lugares, texturas, ângulos; usar algo diferente para criar a iluminação adequada para um ensaio fotográfico; usar materiais diferentes para vestir os modelos (ou clientes)... Ser autêntica me permite ter o apoio de quem também é autêntico e de quem tem uma autoestima saudável.

O autoconhecimento também me permite entender que a beleza da arte está em ser interpretada de diferentes formas pelas pessoas conforme seu nível de autoconhecimento e seu repertório. Eu tenho uma narrativa na minha cabeça quando desenvolvo um projeto fotográfico ou uma obra de arte, e tenho consciência que muita gente não vai interpretar as imagens da forma como eu as imaginei. Esse duplo sentido está presente em várias obras minhas. Às vezes uma mesma obra pode ser interpretada de múltiplas formas diferentes e o que a pessoa interpreta me diz muito sobre ela. Acho isso lindo!


Você disse que gosta que o espectador tenha sua própria interpretação em relação ao seu trabalho. Por que você acha que isso é mais importante do que ancorar uma mensagem ou contexto distinto na fotografia?

Eu não acho que seja mais importante. É sobre minha forma de ver as coisas. Impor minha visão de mundo ao meu público nem sempre é o melhor a ser feito. Tem obras que eu explico a história e o significado, direciono as pessoas para entender a obra como eu a imaginei. Outras obras, geralmente mais complexas, eu deixo abertas a interpretações, ou só dou uma pista superficial sobre o tema. Faço isso geralmente com questões de desenvolvimento pessoal, porque as pistas são o suficiente direcionar quem está no caminho do autoconhecimento, e explicações mais diretas não seriam compreensíveis para quem não busca o autoconhecimento. Em alguns casos explico obras complexas com base nas minhas experiências pessoais.

Eu quero expressar minha visão. A interpretação de cada um em relação à minha arte depende de vários fatores que não estão sob meu controle.

Não me escondo, eu tenho muitas opiniões e valores diferentes de muita gente, e sou autêntica. Não imponho minhas opiniões e valores como verdades absolutas, e também não aceito que outras pessoas tentem impor os valores e crenças delas na minha vida. Se alguém me serve um prato que não gosto, eu procuro comer o que aprecio naquele prato e deixo o restante de lado. As pessoas podem escolher apreciar a beleza do meu trabalho sem pensar no que eu quero transmitir além da beleza de cada imagem.

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Nycka Nunes


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