Voltando ao hábito de falar das minhas obras de arte, hoje é dia de falar de Jam Jars. Você pode ver esta obra clicando aqui (vai vê-la no meu perfil do Instagram).
Eu sou Nycka Nunes, artista visual, e neste blog falo do meu trabalho, inspirações, projetos e temas relacionados. No momento estou captando recursos para adquirir um espaço maior para trabalhar e também adquirir equipamento fotográfico. Caso possa contribuir, leia a página “Maecenasship" para conhecer algumas opções. Comprar minhas obras de arte disponíveis aqui no site também é uma forma de me ajudar a atingir estes objetivos.
Não gosto de me encaixar. Esta obra de arte é baseada na minha visão de pessoas que se diminuem para se encaixar em estereótipos, como o estereótipo de precisar de cabelo longo para ser feminina, ou de precisar se vestir ou se comportar de uma certa maneira para se encaixar em certos grupos sociais. Essa necessidade de encaixar-se me faz ver tais pessoas como potes de marmelada num supermercado, que precisam de rótulos para se descreverem.
Meu objetivo é provocar a reflexão, fazer com que quem vê a arte pense sobre o quanto de suas verdades e valores são realmente seus. Quantas referências diferentes eles buscaram? O quanto eles questionaram tais crenças e estereótipos?
Assim como estilo pessoal não tem rótulos, é muito limitador buscar se guiar por estereótipos para se encaixar. E ao mesmo tempo, creio que é preciso ter um equilíbrio, onde nossa individualidade não viole os direitos dos outros.
O pensamento binário em relação às coisas, em ver tudo como certo ou errado, como se a vida fosse uma prova de múltipla escolha onde cada questão só permite uma resposta certa e todas as outras são erradas, é uma visão limitadora.
Ontem vi uma questão numa rede social onde alguém perguntava se um homem que gosta de usar roupas femininas é gay. Será que a pessoa se limita tanto a ponto de ter medo de admitir gostar de algo porque isso seria um sinal de que sua orientação sexual é diferente do que ele acreditava? E se ele realmente gostasse de outras coisas que o homem hetero estereotipado “não deveria” gostar? Qual o problema? Ele SE vê como inferior se isso acontecer?
Por muito tempo administrei uma página no Facebook (e anteriormente uma comunidade no Orkut) dedicada a mulheres de cabelos curtos. Várias comentavam que morriam de vontade de ter cabelos curtos, mas tinham medo de o namorado ou marido não gostar ou de não parecerem femininas. 🙄 Por outro lado, as mulheres trans geralmente buscam justamente a imagem estereotipada como feminina, de cabelos longos, entre outros estereótipos.
Pense que um dia vou visitar sua casa, e você me pergunta minha sobremesa preferida, para servir algo que me agrade. Eu digo que amo torta floresta negra. Você serve torta floresta negra na visita. Com o tempo nos tornamos amigos. E a cada vez que vou na sua casa, sempre a sobremesa é a mesma torta floresta negra. Em algum momento vou me cansar disso, porque também gosto de outras coisas e comer a mesma coisa todo dia enjoa.
E eu não estou falando apenas de sobremesas e visitas. O raciocínio é similar para muitas outras situações. Servir torta floresta negra na sobremesa também não é a única forma de me fazer sentir acolhida e amada. Existem outras formas. Por eu saber quem sou, e entender a complexidade da minha personalidade, eu consigo entender de onde surgem essas limitações. Afinal, tive de lutar contra muitas delas para ser quem sou hoje. E por entender essa complexidade, consigo entender que a vida não é uma prova de múltipla escolha com apenas uma resposta certa para cada questão. Quão profundamente você se conhece? Quantas de suas crenças e valores você já procurou questionar, buscar alternativas, conhecer gente com experiências diferentes em relação àquele tema, com a disposição de ouvir sem julgar?
Se gostou dessa reflexão, adquira a obra de arte "Jam Jars", clicando aqui.
Nycka Nunes
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